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O SOS da Geração Cobi: "Você sabe que não valeu a pena quando olha para trás na sua vida profissional."

O SOS da Geração Cobi: "Você sabe que não valeu a pena quando olha para trás na sua vida profissional."

Salvador "Chava" Gómez tem 56 anos, é campeão e vice-campeão olímpico, bicampeão mundial e compete há duas décadas com os melhores jogadores de polo aquático. Aos 18 anos, mudou-se de Madri para Barcelona a fim de se preparar para os Jogos de 1992. "Éramos uma experiência", diz ele. "Os professores diziam: ou estudava ou praticava esporte. Não deixavam adiar as provas." Muitos abandonaram os livros.

Chava viveu um sonho com a famosa Geração de Ouro de Manel Estiarte e Jesús Rollán, mas foi vítima de um sistema que se concentrava no presente, não no futuro. "Os clubes pagavam por baixo dos panos. Não havia contratos. Eu estava com um que me dizia: 'Pagamos parte em A e parte em B'. Quando fui verificar meu histórico profissional, não havia nada lá", explica. O mesmo aconteceu com as bolsas ADO que Chava recebeu por 17 anos. "Pagávamos nossos impostos, mas não contribuíamos", observa. "Eles nos davam o dinheiro como mesadas ou subsídios", explica Jordi Sans, seu companheiro de equipe, que está em situação semelhante.

Chava contribuiu apenas 13 anos. E não é o suficiente. Quando ela se aposentar, não receberá pensão.

O grupo do WhatsApp para esportes espanhóis Almudena Cid é a força motriz por trás disso: “As luzes se apagaram, mas ninguém nos ouviu.”

Sua história é a ponta do iceberg de um problema que mobilizou a Geração Cobi e uniu as grandes estrelas espanholas do esporte olímpico, desde Fernando Romay — conhecido como os dinossauros, aqueles que competiram antes de 1993 — até Saúl Craviotto, que já usufruiu dos benefícios aprovados pelo Conselho Superior de Esportes (CSD) nos últimos anos.

A pioneira é Almudena Cid , cansada de ver os depoimentos dos colegas quando "as luzes se apagaram", que não iam a "lugar nenhum" e que ninguém "os ouvia". "Quando você olha para o seu histórico profissional, percebe que o que você fez não valeu a pena. Não trabalhamos", explica.

A ex-ginasta contatou um advogado, a UGT (União Geral dos Sindicatos dos Trabalhadores) e a Fundação Blanca Fernández Ochoa. Ela se propôs a unir os atletas e lutar por seus direitos. Há um grupo de WhatsApp — com 63 membros — liderando o desafio de ter esses anos de ADO reconhecidos como valiosos, levando em consideração sua dedicação e status como atletas de alto nível (DAN).

Treinávamos cinco ou seis horas por dia , havia viagens, campos de treinamento, competições... No momento, tenho dores lombares, posso acabar com uma prótese, e tudo isso por causa do esporte. Quero que isso seja reconhecido como em outros países”, acrescenta Sans. “Os campeões olímpicos na Sérvia recebem uma pensão vitalícia aos 40 anos, e na Hungria, aos 35. Não estamos pedindo isso, para deixar claro, apenas que sejamos pagos. No meu caso, são 18 anos de serviço ao meu país. Meu serviço militar conta, mas não meus anos com a seleção.”

Outro caso paradigmático é o do ex-jogador de vôlei Rafa Pascual, que, segundo seu histórico profissional, "só começou a trabalhar quando foi convocado para Madri 2020". "Essa não é só a pior parte. Quando me aposentar, voltarei para a Espanha e não terei Previdência Social. Minha vida profissional atualmente é de sete anos. O que preciso fazer para receber uma pensão se joguei na seleção por 20 anos? Como posso trabalhar mais 30 anos se tenho 55 anos?"

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O Conselho Superior de Esportes está em contato com esse grupo de atletas e reconhece ao La Vanguardia que é "sensível" a essa questão e está realizando um estudo para garantir proteção social aos atletas que atendem a certos critérios e que dedicaram suas vidas ao esporte há décadas.

Na primeira fase, eles estão identificando quantos não puderam contribuir devido à falta de regulamentação do seu "regime especial". Esse processo terminou em 31 de maio com mais de 1.000 formulários enviados. "Há disposição, mas é urgente; muitos já estão se aposentando", ressalta Cid, acrescentando outro ponto crucial: "Temos lesões graves que nos afetam. Vivemos com dor." E ele aprimora sua abordagem: "A pirâmide está de cabeça para baixo. Os gestores contribuem, mas o importante são os atletas, certo?"

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